segunda-feira, 26 de junho de 2017

Domingo

Ontem (domingo) eu passei parte do dia lendo alguns quadrinhos (aqueles formatinhos). Nenhum é meu desde a infância, eu consegui comprar em leilões virtuais ou negociações mesmo. Quando eu era criança possuía uma infinidade de quadrinhos que minha mãe comprava para mim. Ela sempre dizia (e diz) o quanto quadrinhos ajudavam no desenvolvimento de uma criança, meu pai sempre discordou, mas até ele – vez ou outra – comprava alguns.

Inclusive o primeiro mangá que li na vida foi ele que comprou.

A gente morava em uma invasão em Belém, acredito que você saiba o que é, não? E quando chove em Belém geralmente alaga ruas e casas, pelo menos nas áreas pobres. Certa madrugada teve uma dessas chuvas que pareciam o fim do mundo e pela manhã, quando acordei, havia água até o joelho e me desesperei ao ver meus quadrinhos boiando na sala inundada.

Mas essa parte da minha vida eu conto outro dia.

Ou na minha biografia, quando me tornar um quadrinista de sucesso.

Hoje quero falar da minha volta ao passado.



Enquanto lia alguns formatinhos, Wolverine, Fantasma (sim, finalmente consegui um Fantasma!), Tex, Zé Carioca, Mônica e mais uns e outros, lembrei que na infância eu costumava passar o domingo lendo quadrinhos (pelo menos quando não jogava no super nintendo), geralmente relendo os que já tinha ou os que pegava emprestado na biblioteca móvel que visitava a invasão, devo dizer que eu era um dos leitores mais frequentes e responsáveis da biblioteca, é, nessa parte eu me orgulho mesmo.

Então eu peguei um desses que estava lendo ontem e dei uma boa cheirada. Aquele perfume doce e nostálgico de quadrinho antigo invadiu minhas narinas e foi acionar um botão no meu cérebro.

O botão da minha infância.

Automaticamente fui transportado para a invasão, para aquela casinha em que morávamos. Vi meu pai e minha mãe assistindo algum filme que era exibido pela Record aos domingos (Robocop ou o Último Dragão), meus dois irmãos estavam brincando pela sala e minha irmãzinha (que ainda não me odiava) estava dormindo. Eu estava lendo quadrinhos.

Eu me aproximei daquele moleque gordinho e sorridente que estava lendo um Superman, é, eu sempre gostei demais do Superman. Havia um brilho e felicidade que há tempos eu não sinto. Automaticamente veio aquela pergunta besta que a gente vê pelo facebook: “O que seu eu do passado diria do que você é agora?”.

Eu ainda dei uma boa olhada no quintal de casa.

Olhei a rua aonde a gente morava.

Visitei a escola.

Mas era hora de voltar ao presente.

Gostaria de poder descrever mais coisas dessa visita ao passado, mas acho melhor deixar para minha biografia de quadrinista de sucesso, né?

Bom, agora vou ler mais algum capítulo de Wild Cards, obrigado por mais essa conversa, até a próxima!